HPV é a DST com um dos maiores índices de contágio; Saiba as consequências em seu corpo

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Por Paulo Basile* 27/7/2010 - 13:07




A Aids é, sem dúvida, uma das doenças mais temidas do planeta. Talvez por isso inúmeras campanhas de combate à infecção sejam veiculadas constantemente. No entanto, diversas outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) estão cada vez mais em voga em consultórios médicos.

Embora muitos utilizem o preservativo como via obrigatória no sexo anal, poucos lembram que sexo oral também transmite DST. "Os tecidos que protegem as nossas cavidades orgânicas apresentam a mesma vulnerabilidade à contaminação de microorganismos que causam as mais diversas doenças", explica Dr. Sylvio Quadros, chefe do Departamento de DST da Sociedade Brasileira de Urologia. "Apesar dos inconvenientes práticos do uso do preservativo na língua, isso evitaria o número de transmissões de DST", conclui Sylvio.

No entanto, por mais que a própria definição da sigla DST mostre que essas doenças sejam ligadas ao sexo, há estudos que apresentam outras formas de contágio. "Há uma antiga classificação das DSTs que as subdivide em 3 formas de contaminação: aquelas cuja transmissão se faz exclusivamente pelo ato sexual, como a gonorreia e o cancro mole; aquelas cuja transmissão se dá frequentemente por atividade sexual, como as verrugas genitais; e finalmente as que são adquiridas eventualmente pelo sexo, como a hepatite B", explica Dr. Sylvio.

Pequenas e perigosas
Embora não haja um trabalho mais abrangente à coleta de dados estatísticos no Brasil, Sylvio afirma que "as verrugas genitais são as mais frequentes doenças transmitidas pelo sexo na nossa população masculina". Popularmente conhecida como "crista de galo", o HPV (Papiloma Vírus Humano) manifesta-se com o aparecimento de verrugas no ânus ou no pênis, que podem trazer dor e sangramento e, se não tratadas, podem se multiplicar.

A manifestação no organismo pode ocorrer até oito meses após contato sexual. "A transmissão se dá, na maioria das vezes, por contato sexual, mas não em 100% dos casos. O desenvolvimento da doença depende da capacidade imunológica do organismo infectado, ou seja, da forma como as nossas células de defesa identificam o vírus e, a partir de então, promovem a sua destruição", explica o médico.

Por um período, a doença permanece sem se manifestar mesmo após um exame clínico mais minucioso. Daí, há a necessidade da busca mais apurada através de métodos de exames mais sofisticados e com o uso de substâncias químicas reveladoras de lesões, ou mesmo a biópsia (retirada) de áreas suspeitas para estudo microscópico posterior. "A presença do vírus pode acontecer em qualquer tipo de pele ou mucosa contaminada, seja o genital, o ânus, a boca, ou mesmo áreas próximas ao contágio", explica Dr. Sylvio.

Surpresa silenciosa
Seja por desleixo na hora de usar preservativos, seja pelo pensamento de que "nunca vai acontecer comigo", quando se descobre a presença de uma DST no corpo é sempre um momento de muita angústia.

O publicitário Roberto** passou por momentos muito difíceis quando surgiu uma verruga em seu pênis. "Eu nunca havia ido a um urologista. Quando descobri, após uma série de exames que estava com HPV, meu mundo desabou", se recorda. Roberto não mantinha relações sexuais há 3 meses e também descobriu a demora na manifestação da doença no corpo. Além da preocupação física com a DST, precisou se manter forte perante sua família. "Meus pais me olharam como se eu fosse uma pessoa que sai transando sem camisinha com qualquer um que passa na rua. Foi muito difícil lidar com esse julgamento!", conta.

Após passar por uma cirurgia para cauterizar as verrugas, Roberto é hoje mais cauteloso. "A primeira coisa que penso antes do sexo é 'cadê a camisinha?'. Afinal, uma única noite de sexo sem camisinha pode ser gostosa nas primeiras horas, mas também pode te trazer dezenas de noites de muito arrependimento!".

Lista negra
Conheça outras DSTs que também causam muito transtorno ao homem
Gonorreia: Infecção na uretra que se apresenta inicialmente com dor e ardência na hora da micção. Pode desenvolver complicações como inflamação crônica na próstata e infertilidade. Aparece geralmente de 3 a 5 dias após contato sexual.

Uretrite Chlamidiana: Infecção na uretra que desenvolve uma secreção esbranquiçada, inodora e fluída na uretra, porém sem ardência. Pode ocasionar a infertilidade do homem. Aparece geralmente de 7 a 10 dias após contato sexual.

Sífilis: Manifesta-se com feridas de bordas endurecidas e sem dor no órgão genital, associada ao aumento de tamanho de gânglios na região das virilhas. Pode causar sérios problemas de ordem cardiovascular, podendo contribuir, em última instância, para a loucura e até a morte.

Candidíase Peniana: Infecção causada por fungos que desenvolvem inflamações na glande do pênis e na mucosa do prepúcio após a contaminação, caracterizadas por pontilhados avermelhados que coçam bastante. Não é obrigatoriamente transmitida pelo sexo. Geralmente os sinais são vistos de 24 a 48h após o contato.

Hepatite B: Transmitida por contatos diretos com saliva, sangue e fluídos corporais (pequena quantidade) infectados, seja por contato sexual ou por uso de seringas com sangue contaminado. Pode causar complicações como hepatite crônica, cirrose hepática, câncer do fígado, além de formas agudas severas com coma hepático e óbito.

Cancro mole: Transmitida exclusivamente por contato sexual, apresenta-se com pequenas feridas no pênis, com odor característico, dolorosas e sangrando com muita facilidade, e tendem a se multiplicar na medida em que o tempo passa. Aparece cerca de dois a três dias do contato sexual.

* Matéria originalmente publicada na edição 31 da revista A Capa.
** O nome foi alterado a pedido do entrevistado

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