Avenida Paulista terá mais PMs após novos ataques

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Após mais duas vítimas registrarem queixas de agressão na avenida Paulista, a Polícia Militar decidiu reforçar o policiamento da região durante a madrugada.
Desde segunda-feira (6), cerca de 30 PMs estão fazendo rondas nas proximidades de boates gays, em ruas como Frei Caneca, para tentar evitar que mais agressões ocorram.

A PM não informa quantos homens faziam essas rondas até então. Durante o dia, quando cerca de 600 mil pessoas circulam na Paulista diariamente, o número continua o mesmo: 60 policiais na avenida e seu entorno.
No último sábado, por volta das 4h30, dois amigos que saíam da Tunnel Club, na rua dos Ingleses, foram espancados por seis pessoas enquanto andavam pela avenida.

Entre os agressores havia duas mulheres, segundo uma das vítimas, o operador de telemarketing Gilberto Tranquilino da Silva, 28.
"Apanhamos porque somos gays. Enquanto batiam na gente, eles nos chamavam de veados e diziam para não andarmos abraçados."

O amigo dele, o vendedor Robson Oliveira de Lima, 28, levou uma pancada na cabeça e desmaiou. Ambos foram encaminhados para o Hospital do Servidor Público Municipal, onde foram medicados e liberados.
Ontem, os dois prestaram depoimento no 5º DP e disseram acreditar que a divulgação de outros casos ocorridos no mês passado podem ter motivado a agressão a eles.

"Mesmo apanhando e vendo outros gays sofrerem, não estamos desmotivados. Temos de lutar", disse Silva. O delegado Renato Felisoni disse estar surpreso com a repetição de agressões. "Não esperava que isso fosse acontecer de novo. Quatro adolescentes foram detidos e uma outra pessoa foi indiciada [sob suspeita de] tentativa de homicídio e, ainda assim, ocorreram mais casos."

No dia 14 de novembro, três pessoas registraram boletins de ocorrência relatando agressões na Paulista. Imagens de circuitos internos dos condomínios mostraram que as vítimas apanharam sem motivação. Uma das vítimas, Luís Alberto Betonio, 23, agredido com lâmpadas fluorescentes, disse que os agressores achavam que ele era gay.

Os quatro adolescentes suspeitos de envolvimento neste caso foram levados para a Fundação Casa. O maior de 18 anos continua livre.
Ontem, a 1ª Vara da Infância e Juventude de SP decidiu manter internados os quatro adolescentes. Sobre o outro suspeito, o Judiciário ainda aguarda que a polícia inclua novas provas no inquérito.

A Polícia Civil descartou a hipótese da PM de que os envolvidos seriam de grupos de skinheads, mas vê indicativos de ação homofóbica.
A partir de agora, as investigações deverão contar com o suporte da delegacia especializada em crimes raciais e de intolerância.

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