Deputado diz ter "asco" por defensores de homossexuais

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Conhecido por seus arroubos moralistas, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) voltou à tribuna da Câmara nesta quarta-feira (8) para criticar fortemente as atividades das Comissões de Educação e de Direitos Humanos e Minorias da Casa.

Na última semana, os colegiados promoveram, em sessão conjunta, uma série de audiências públicas e seminários sobre questão da homofobia. Na ocasião, vídeos defendendo a liberdade sexual, com imagens de relação homoafetiva, foram veiculados para os convidados da CDHM – a mera menção ao colegiado, diz o próprio Bolsonaro, causa-lhe “asco”.

Bolsonaro disse que teve acesso aos vídeos e vai divulgá-los na internet. O material, que seria distribuído para escolas públicas, foi produzido pelo Instituo Ecos – Comunicação em Sexualidade, que recebe recursos do Ministério da Educação para produzir atividades dirigidas ao público jovem. A atividade principal da organização não governamental é direcionada, segundo sua página na Internet, à “defesa dos direitos humanos, com ênfase nos direitos sexuais e direitos reprodutivos, em especial de adolescentes e jovens, com a perspectiva de erradicar as discriminações relativas a gênero, orientação sexual, idade, raça/etnia, existência de deficiências, classe social”.

Dizendo-se pressionado a deixar a CDMH, Bolsonaro sugeriu que os integrantes convoquem o ministro da Educação, Fernando Haddad, e assistam ao filmete. Com apelos à bancada religiosa da Câmara para que tome providências, ele disse que assistiu, “com muita tristeza”, a jornalistas de telejornais da TV Globo defendendo que o tema seja discutido em escolas.

“A TV Globo não está sabendo o que está acontecendo aqui, essa onda de querer combater a homofobia estimulando o homossexualismo, a pederastia, a baixaria”, discursou o deputado, para quem os colegiados estão “patrocinando a imoralidade”.

No último dia 30, Bolsonaro esteve na tribuna para falar sobre “o maior escândalo” que diz ter presenciado em 20 anos de atividade parlamentar. “Mas não tem nada a ver com corrupção.” O deputado queria “denunciar” deliberações tomadas por representantes de entidades que lutam contra a homofobia, grupo composto “de, 100%, gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros”, liderados pelo secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, André Lázaro.

Essa turma toda reunida tomaram [sic] decisões que esta Casa não está sabendo. Até digo mais: a maioria dos integrantes dessas comissões também não está sabendo. Atenção pais de alunos de 7, 8, 9 e 10 anos da rede pública. Os seus filhos vão receber, no ano que vem, um kit na escola. Esse kit tem o título ‘combate à homofobia’, mas na verdade é um estímulo à homossexualismo, um incentivo à promiscuidade, protestou o parlamentar fluminense, alertando para o fato de que o kit é composto, entre outros materiais, de um DVD com um filmete com cenas de “homossexualismo” tratadas como naturalidade.

“Primeira estorinha: um garoto de mais ou menos 14 anos, de nome Ricardo, vai no banheiro fazer pipi, olha pro lado, o coleguinha está fazendo também e ele se apaixona por esse colega. Vocês da galeria estão ouvindo aí? Isso está nos jornais da Câmara da semana passada. Pode ser um filho de vocês um dia”, advertiu Bolsonaro. “Daí, ele resolve assumir a sua homossexualidade. A isso os garotos de 7, 8, 9 e 10 anos vão assistir no ano que vem.”

“Daí pra frente, mais cenas do filme: quando uma professora o chama de Ricardo, na sala de aula, ele se revolta, morde os beiços, com seus trejeitos, e balbucia: ‘Bianca. Meu nome é Bianca’. E esse filme, no final, dá a seguinte lição de moral: esse comportamento do Ricardo, ou da Bianca, passa a ser um comportamento exemplar para os demais alunos”, relata o deputado, que passa a falar sobre a segunda cena do clipe, que exibe “o beijo lésbico de duas meninas”.

O deputado denuncia ainda que “a grande” discussão da CDHM trata da “profundidade que a língua de uma menina” deve atingir na boca de outra. “Dá pra continuar discutindo esse assunto? Dá nojo! Esses gays e lésbicas querem que nós, a maioria, encubemos como exemplo de comportamento como a sua promiscuidade”, brada o congressista, pedindo providências ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).




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